"O mundo está em guerra no ciberespaço", diz CEO da Siemens



 

Há uma corrida entre empresas para digitalizar processos, armazenar dados na nuvem e conectar seus ativos por meio da internet das coisas. A promessa de ganho de produtividade é imensa -- mas o cenário para essa mudança é bastante hostil, por causa da possibilidade de ataques cibernéticos. "O mundo está em guerra no ciberespaço", afirmou André Clark, CEO da Siemens no Brasil, nesta quarta-feira (7/8). O executivo listou algumas das ameaças: forças armadas oficiais de países hostis, criminosos contratados, sequestradores digitais agindo por conta própria e simples curiosos tentando aprender a hackear infraestrutura.

Por isso, tem se tornado mais comuns as situações em que empresas e governos são chantageados por criminosos que conseguem invadir e comprometer sistemas críticos. Nos Estados Unidos, as prefeituras de cidades como Atlanta, Baltimore e Dallas já foram atacadas e extorquidas por cibercriminosos. Também nos EUA, o Departamento de Segurança Doméstica afirmou em 2018 que partes importantes da rede de energia haviam sido invadidas por hackers; incidentes similares se repetiram em março e depois em julho deste ano (com a suspeita, dessa vez, recaindo sobre chineses); no mesmo mês, o jornal The New York Times informou que o governo americano havia se preparado para retaliar, instalando software secretamente na rede de eletricidade na Rússia.

A Siemens não fabrica mais equipamentos de telecomunicações, mas oferece serviços de digitalização de grandes sistemas, como redes de energia e transporte. "Por isso, fazemos pesquisa nessa área (cibersegurança) o tempo todo", disse Clark, durante o evento Siemens Fórum, em São Paulo. O executivo lembrou que a companhia está levando para a nuvem o sistema ferroviário da Noruega, num contrato de 800 milhões de euros celebrado em 2018. Clark afirmou que o sistema, "por design", é à prova de ataques cibernéticos.

O CEO da Siemens colocou esse cenário ameaçador num contexto geopolítico de disputa entre EUA e China. "Estamos vendo a batalha entre duas internets -- a do Ocidente e a do Oriente. A tensão está aumentando, e não se enganem: não é uma disputa sobre comércio. É uma disputa sobre quem vai controlar o ciberespaço", disse.


Fonte: Época Negócios