Rússia vê 'risco de ciberguerra' se EUA realizarem ações contra sistema elétrico



Rússia vê 'risco de ciberguerra' se EUA realizarem ações contra sistema elétrico

 

Existe uma "possibilidade hipotética" de ciberguerra se os Estados Unidos de fato plantarem softwares nocivos nos sistemas da rede elétrica da Rússia, alertou o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov. O plano ofensivo norte-americano, que é confidencial e não foi confirmado pela administração de Donald Trump, seria uma retaliação pelas ações atribuídas aos russos, entre elas a interferência nas eleições de 2016. A operação foi revelada no sábado (15) por uma reportagem do jornal "The New York Times".

De acordo com a publicação, Donald Trump teria assinado no ano passado um memorando presidencial de segurança nacional (NSPM, na sigla em inglês) ampliando os poderes do Cyber Command, a autoridade cibernética do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Desde então, o órgão estaria autorizado a ser mais agressivo em suas ações ofensivas, sem a necessidade de autorização direta do presidente.

Isso significa que Trump poderia não ter sido informado ou autorizado diretamente as ações contra a Rússia. O documento, no entanto, é confidencial e não é possível confirmar seu teor.

O Cyber Command integra e coordena diversas equipes das Forças Armadas dos Estados Unidos. A diretoria do Cyber Command é compartilhada com a da Agência de Segurança Nacional (NSA), promovendo a colaboração entre as duas entidades.

Pouco se sabe sobre o funcionamento do Cyber Command, mas a capacidade da NSA é conhecida. Os documentos vazados por Edward Snowden revelaram a existência de uma equipe dentro da NSA, chamada de TAS ("Tailored Access Operations"), munida de um vasto "armamento" digital para espionagem.

As novas atribuições do Cyber Command, de acordo com as fontes anônimas ouvidas pelo "New York Times", visam permitir que o órgão tenha capacidades "que nem eram contempladas" há alguns anos. Uma declaração pública do conselheiro de segurança nacional John Bolton insinuou que a nova perspectiva de segurança digital do governo pretende evitar que ataques, de qualquer origem, permaneçam impunes. "Você vai pagar um preço", disse ele.

Ainda segundo o jornal, não está claro se os agentes norte-americanos já conseguiram se instalar nas redes russas. O Ministério de Energia da Rússia afirmou, segundo a publicação, que a rede elétrica do país tem um "alto nível de segurança" e que não foram detectados ataques bem-sucedidos até o momento. As autoridades apenas reconheceram que o país é vítima constante de tentativas de infiltração em vários setores.

Ações da Rússia
A Rússia nega que tenha realizado ataques cibernéticos ou influenciado as eleições norte-americanas, colocando-se apenas como vítima dessas ações. No entanto, atividade atribuídas ao governo russo foram detalhadas em um documento produzido pela equipe de investigação que tentou descobrir um possível conluio entre a campanha de Trump e oficiais russos.

O texto é chamado de "Relatório Mueller", em alusão ao chefe da investigação Robert Mueller. Mas seu título oficial é "Relatório sobre a investigação da interferência russa na eleição presidencial de 2016".

Embora tenha afirmado que não haja indícios suficientes para acusar ou isentar Trump, o relatório traz diversas informações sobre as campanhas que tentaram desinformar o público ou polarizar o debate político — todas, segundo o relatório, conduzidas pela Rússia.

Conforme o levantamento da investigação, a Rússia opera uma "Agência de Pesquisa de Internet" (IRA, na sigla em inglês) que controlou perfis em redes sociais para polarizar o debate, semear a discórdia e favorecer Trump. Paralelamente, o relatório também acusa o exército russo pelo ataque cibernético à candidata derrotada Hillary Clinton.

A Rússia também foi acusada pelos americanos e pelos britânicos de ser a autora do vírus destrutivo NotPetya, que atacou principalmente a Ucrânia. Especialistas identificaram elos entre esse código e o programa usado para causar apagões na Ucrânia.

Fonte: G1