Lições do C2 sobre cibersegurança e proteção de dados



Lições do C2 sobre cibersegurança e proteção de dados

 

Na maioria dos eventos sobre inovação, pouco se fala sobre regulação. Afinal, como é possível controlar e impor limites à imaginação de cada um desses geniais empreendedores de ideias, que nos fascinam pela forma simples de fomentar sonhos e inspirar criações? Não é diferente no evento C2 Montreal, onde as principais mentes da criatividade se reúnem para induzir "disrupção" e alimentar criatividade. Algumas visões são unânimes, mesmo que abordadas de formas diferentes no evento: as inovações são feitas para servir o ser humano e os dados pessoais são fundamentais para se criar esse ecossistema propício de customização, necessário para alimentar a tão alardeada, mas não menos relevante, Inteligência Artificial (IA).

A Inteligência Artificial se alimenta das informações de cada um de nós e colher os hábitos de consumo e características pessoais é necessário para se definir os padrões. Por isso, para criar IA usa-se o “Machine Learning”, o procedimento de ensinar a máquina por meio da apresentação de dados, fatos, imagens e sons. A repetição de uma determinada informação molda as respostas a serem fornecidas pelos algoritmos, que absorvem as informações e as rotulam de acordo com o seu índice estatístico específico.

Para corroborar esse argumento, não é para menos que o artista, tecnólogo e compositor Will.I.Am, em seu depoimento durante o C2, disparou a frase “Data is Currency”, ou seja, os dados representam, de fato, dinheiro.

Cada vez mais haverá ambição e volúpia na caça de informações de todos nós para alimentar essas máquinas. Isso nos coloca, em primeiro lugar, em uma posição perigosa, já que possuímos um bem raro e precioso que é, cada dia mais, alvo de assédio. Por outro lado, quando tomamos consciência que a informação de nossos hábitos e características valem mais que ouro, passamos a ter controle sobre quem deve ter acesso e como devem ser tratados nossos dados pessoais. Trata-se do empoderamento do dado pessoal.

O ensinamento que se obtém do C2 é que não podemos desmerecer aquilo que somos e o que representamos. Isso nos faz únicos e, sem absorver nossas informações, a tecnologia de nada serve: nem para colher nossos dados, muito menos para nos servir.

Paulo Salvador Ribeiro Perrotti é advogado, sócio de Perrotti e Barrueco Advogados Associados, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Canadá e professor de Pós Gradução de Cyber Security da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens).


Fonte: Época Negócios