Blockchain explica, de uma vez por todas, o que é a tecnologia



Blockchain explica, de uma vez por todas, o que é a tecnologia

 

Blockchain virou o "termo da moda" para quem trabalha com tecnologia e inovação. Mas nem todo mundo sabe muito bem o que é esse tal de blockchain e no que ele realmente é útil.

Se há uma pessoa no mundo que saiba explicar o que é blockchain e suas funcionalidades, ela é Don Tapscott.

O canadense é autor dos best-sellers Wikinomics e Blockchain Revolution, ambos disponíveis no Brasil. O segundo livro é fruto, de acordo com Tapscott, de cinco anos de estudos sobre blockchain.

Além disso, Tapscott comanda o Blockchain Research Institute, uma iniciativa que engloba 40 especialistas globais no assunto e é patrocinada por empresas dispostas a entender e lucrar com a tecnologia.

Ele foi um dos participantes, nesta terça-feira (27/11), do Fórum de Inovação da Mastercard América Latina, realizado em Miami Beach, nos Estados Unidos.

Enquanto esteve no palco, Tapscott explicou de forma didática o que é blockchain e como essa tecnologia pode tornar nossa vida mais fácil em muitos aspectos.

O que é esse tal de blockchain, afinal?
O blockchain surgiu como a base do bitcoin, a primeira moeda virtual criada. É por meio dele  que essa e outras criptomoedas podem ser armazenadas e transferidas com segurança.

As transações em criptomoedas não podem ser feitas isoladamente. Elas são realizadas em grandes blocos de informação. Todas essas transferências de dinheiro são processadas por milhares de computadores espalhados pelo planeta, com uma capacidade de processamento enorme. Por recompensa pelo processamento, os donos dessas máquinas recebem uma recompensa em moedas virtuais. Eles são chamados de mineradores. "Se juntarmos o poder das máquinas de todos os mineradores, a capacidade de processamento supera a do Google", afirma Tapscott.

Todos esses blocos de informação são protegidos por camadas de criptografia — códigos que dificultam o roubo desses dados. "Costumo dizer que a chance de dados serem hackeados com essa tecnologia é a mesma de um nugget virar frango de novo", afirma.

A tecnologia não é exclusiva do bitcoin. Outras criptomoedas mais conhecidas, como o ethereum e o ripple também se baseiam no blockchain. "No fim, falou-se muito no bitcoin na época em que a moeda se valorizou. Mas o mais valioso disso tudo é o blockchain, que não é uma ação que vale mais ou menos, mas uma ferramenta que pode mudar nossas vidas".

Segundo o especialista, o surgimento e a popularização do blockchain trazem uma nova era para a internet. "A primeira é a dos computadores, da nuvem, das redes sociais. Agora, entramos na segunda era, em que toda a nossa vida passa a ser permeada pela tecnologia, mais exatamente pelo blockchain."

Mudanças
Don Tapscott afirma que há grandes mudanças trazidas pela popularização do blockchain. As óbvias têm muito a ver com a função das criptomoedas. "A primeira delas é que dados atrelados a essa tecnologia são autênticos. Um bitcoin é uma unidade tão verdadeira quanto um dólar, por exemplo. Essas informações podem ser transferidas e também armazenadas", afirma.

Além disso, o guru conta que o blockchain pode ser usado — e mudar — outros mercados, grosso modo, eliminando intermediários entre as partes interessadas nas transações. "É possível eliminar taxas e efetuar mais rapidamente empréstimos e pagamentos entre pessoas, independentemente da moeda que estejam usando".

Tapscott, aliás, não enxerga o surgimento de uma criptomoeda que substitua as moedas de outros países. "Não acredito que o mundo vá usar bitcoin, mas creio que as moedas que já existem serão transformadas em moedas virtuais e serão movimentadas usando blockchain."

Outra mudança que pode ocorrer é no papel dos fundos de investimentos. "Com o blockchain, fica mais fácil [para empresas] conseguir um aporte. É possível obter capital com a ajuda de muita gente, em vez de um único investidor. Creio que a figura desses fundos será muito diferente daqui a dois anos", afirma.

Outra tendência é que negócios captem recursos de forma semelhante à oferta inicial de ações de um negócio na bolsa de valores (IPO) — mas usando a internet. "Já existe o que se chama de ICO, a oferta inicial de criptomoedas, em contraposição ao IPO, que é a abertura de uma empresa na bolsa tradicional."

O blockchain facilitaria, também, a auditoria de empresas, já que todos os dados são facilmente rastreáveis. "Não será mais necessário contratar uma consultoria para auditar uma empresa."

A tecnologia poderia ainda proteger a privacidade das pessoas, atualmente colocada à prova pelos dados coletados por diversas empresas. "A privacidade é um direito inalienável. Temos o direito de tê-la e de controlar o que as grandes corporações sabem sobre nós", afirma.


Fonte: Época Negócios