A tecnologia chegou ao canteiro de obras



A tecnologia chegou ao canteiro de obras

 

O uso de tablets e celulares na construção civil tem cada vez mais saído dos escritórios e adentrado as obras. Isso porque ferramentas de planejamento, gestão e controle de processos têm mostrado como a tecnologia auxilia o dia a dia de quem trabalha, às vezes literalmente, com as mãos na massa. Esses sistemas e mecanismos são apontados pelo Mckinsey Global Institute como uma das saídas à estagnação da indústria da construção, cuja produtividade cresceu em média apenas 1% ao ano nas últimas duas décadas. Um montante bastante tímido comparado aos 2,8% da indústria de manufaturados. Por ano, $1,6 trilhão deixa de ser faturado com a perda de produtividade na construção civil em todo o mundo.

Foi de olho nisso que as startups brasileiras ConstruCODE, ConnectData e Controller criaram métodos inovadores, de fácil aplicação, especialmente para obras de médio e longo porte. Além de terem em comum o uso da tecnologia, as empresas fazem parte do programa de tração e inovação do OKARA Hub que obteve mais de 100 construtechs inscritas. As três fazem parte das 13 selecionadas, que durante seis meses recebem mentoria e participam de um processo formativo e de network que as coloca em contato com grandes empresas do setor da construção civil.


É o que aconteceu com a ConstruCODE, que implementa seu projeto piloto em obras da Temon e Engerform, além de outras. O mecanismo criado pelo CEO Diego Mendes aumenta a operacionalidade e os índices de assertividade no canteiro a partir de uma plataforma online que transforma projetos em etiquetas inteligentes, que permitem o compartilhamento remoto de informações com todos os envolvidos no ciclo da construção.

"A leitura das etiquetas é feita pelo app que mostra também onde concentram-se as dúvidas no canteiro, facilitando a gestão das equipes nas diferentes frentes de serviço", conta. Com base no sistema, os engenheiros, coordenadores de obras e encarregados usam celulares e tablets para visualizar projetos, gerir equipes em campo, enviar dúvidas, e receber as últimas atualizações dos projetistas.

Menos papéis e erros construtivos

Além de permitir a gestão à distância de mais de uma obra ao mesmo tempo, a redução nos custos - que antes chegava a R$3.500 mensais com impressões de projetos - em diversas etapas de documentação pode chegar a 50% com o uso das etiquetas, graças ao novo modelo de manipular informações. "Aquela funcionária que passa muito tempo imprimindo, organizando e distribuindo as plantas ou o colaborador que as recolhe quando defasadas, têm mais tempo para se dedicar à tarefas mais táticas e tornam-se mais produtivos visto que o sistema se encarrega de grande parte do operacional", complementa.

Maior custo-benefício e produtividade e menos perdas com desperdício

Para a CMO da ConnectData, Paula Cogo, quando se investe em tais ferramentas deve-se considerar o real custo-benefício da inovação e olhar ativamente para as perdas (desvios, desperdícios e atrasos) que muitas vezes estão "debaixo do tapete".

Com o sistema de rastreamento de materiais, ativos e pessoas que verifica, entre outras funcionalidades, o tempo de permanência da equipe para a execução de serviços ou o consumo automático da materiais, a gestão é facilitada e o que normalmente era feito manualmente (quando feito), ganha automatização e confiabilidade por meio dos sensores instalados no canteiro de obras (IoT) e tags que vão nos itens a serem acompanhados, como embalagens de materiais.

Além disso, a ConnectData permite a análise, em tempo real, de materiais utilizados e apresenta tendências de desvios quanto ao consumo, custos e atrasos no planejamento. "O valor do investimento para aplicação da tecnologia, envolvendo os dispositivos de rastreabilidade e o sistema de inteligência preditiva, varia de acordo com a dimensão e complexidade do projeto, ficando entre 1 a 1,5% do custo da obra. O sistema gera confiabilidade com dados automáticos, e auxilia na prevenção de desvios de diversas naturezas (estima-se que em torno de 10%), bastante comuns no segmento", conta.

Assertividade também é a base da Controller, que criou um aplicativo intuitivo para gestão da produtividade através da digitalização dos processos de controle de obras. Com uma interface amigável, os gestores têm acesso às produções e outras informações diárias de todas as equipes, para a realização de análises comparativas, medição de recursos e equipamentos, sendo um importante gadget para avaliar a qualidade dos serviços e servir como base na tomada de decisões.

"É como ter a gestão da produtividade na palma da mão. E isso é muito valioso. Você sai do esquema de tentativa e erro e começa a enxergar os seus principais indicadores", afirma Felipe Canuso, CEO da startup. E complementa:

"As pessoas que trabalham em obras gastam 88% do tempo preenchendo planilhas e somente 12% para a análise dos dados. Com a ferramenta, o engenheiro ganha tempo para gerenciar o seu projeto de forma eficiente".

 Fonte: Terra