"A inteligência artificial vai tornar os profissionais irrelevantes e ‘hackear’ seres humanos"



 

A frase é do filósofo e historiador Yuval Noah Harari, autor do best-seller Sapiens - Uma Breve História da Humanidade. Para ele, a IA vai trazer muitos mais efeitos negativos do que positivos no futuro.

A inteligência artificial tem potencial para destruir sociedades e o próprio conceito do que significa ser humano”, diz Yuval Noah Harari, autor dos best-sellers Sapiens: Uma breve história da humanidade e Homo Deus. Para o filósofo e historiador, apesar de as novas tecnologias trazerem alguns benefícios para a humanidade, os efeitos negativos serão maiores, com o desaparecimento de milhares de empregos e até a possibilidade de “hackear” humanos.

A IA foi um dos temas principais da palestra dada por Harari no segundo dia do HSM Expo 2019, que aconteceu hoje (05/11), em São Paulo (SP). Para o filósofo, até 2050 o mercado de trabalho será bem diferente do atual: motoristas de aplicativos, por exemplo, serão substituídos por veículos autônomos. “Todas as funções que têm potencial de resultar em economia para as empresas serão automatizadas”, afirma.

Dentro desse cenário, as pessoas correm o risco de se tornarem irrelevantes para o mercado de trabalho. Será necessário capacitá-las para novas funções, o que deve ser feito por governos e corporações. Mas mesmo isso pode não ser o suficiente. “A cada década, as pessoas precisarão se reinventar novamente.”

Para o autor, mesmo funções que demandam alta capacitação, como a dos médicos, serão substituídas por algoritmos. A razão é que esses profissionais lidam muito mais com dados para a tomada de decisões - diferentemente dos enfermeiros, por exemplo, que precisam de habilidades mais interpessoais com os pacientes.  “Os médicos-robôs vão chegar muito mais rápido do que os enfermeiros-robôs”, afirma.

Harari acredita que o avanço de IA também significa menos privacidade e mais vigilância. As corporações serão capazes de desenvolver algoritmos que compreendam as pessoas melhor do que elas mesmas. “A combinação do conhecimento biológico, poder computacional e análise de dados tornará possível hackear os cidadãos de qualquer país”, diz.

Pode chegar um ponto em que a tecnologia descubra a orientação sexual do usuário antes mesmo do que ele - com o intuito de criar anúncios mais personalizados, por exemplo. “As pessoas precisam se conhecer melhor para não ficar em uma posição vulnerável, em que possam ser manipuladas", afirmou.

Segundo o autor, os países mais desenvolvidos e as grandes empresas estarão na linha de frente dos avanços da IA, já que têm mais recursos para capacitar e desenvolver as novas tecnologias. “Nós precisamos evitar a concentração de dados em uma única empresa ou país, e criar uma rede de segurança global”, afirmou. “Temos que trabalhar juntos para criar soluções que ajudem nós, seres humanos, a sobreviver a essa nova era.”


Fonte: Época Negócios