Analfabetismo digital segura avanço do acesso à internet no Brasil



Analfabetismo digital segura avanço do acesso à internet no Brasil

 

Apesar de o Brasil ter uma guerra de operadoras que tornam os serviços de internet cada vez mais fáceis de acessar, o país ainda tem seu avanço travado pelo nível de preparo e educação digital. 

É o que indica o relatório anual “The Inclusive Internet Index 2019”, elaborado pela revista britânica The Economist e patrocinado pelo Facebook. Seu objetivo é avaliar a qual ponto a internet contribui positivamente para melhorar fatores socioeconômicos em nível global.

O Brasil aparece na 31ª posição no ranking geral de 100 países, que avalia preparo, facilidade de acesso, disponibilidade e relevância da internet em nível global. Na comparação ano a ano, realizada com 84 países, o Brasil ficou com a 29ª colocação, subindo três posições.

O quesito de preparo abrange três categorias: alfabetização, confiança e segurança no uso da internet e políticas de incentivo do uso da web. Nesses pontos, o país ficou, respectivamente, nas posições 66ª, 21ª e 50ª.

Na América do Sul, o Brasil fica apenas atrás do Chile, que caiu no ranking para a 16ª posição geral e que ficou como segundo colocado em termos de preparo e educação digital. Em contraste com o Brasil, analisando esse item do estudo, o Chile ficou com a 28ª posição em alfabetização, 11ª em confiança e segurança e 1ª em políticas.

Em termos de preço, o Brasil ficou com a 57ª colocação, enquanto o Chile conquistou a 35ª. Isso acontece em um ambiente de competitividade de operadoras em nível simular (9ª e 7ª, respectivamente). As tarifas de planos pré e pós-pagos são mais caras no Brasil, bem como o custo de dispositivos móveis. Em internet banda larga, os países aparecem empatados na 46ª posição do ranking.

Um dos principais pontos do estudo em que o Brasil está mais perto da primeira colocada Suécia é a relevância, que abrange a quantidade e a qualidade do conteúdo online disponível. O que puxa o Brasil para a 18ª posição (a Suécia está em 3ª) são os serviços digitais prestados por bancos e pelo setor de saúde, bem como pela oferta e uso da internet para fins de entretenimento.

Enquanto os países empatam na quantidade de conteúdo online, a qualidade ainda está distante: a internet brasileira está em 33ª colocação, enquanto a líder está na 3ª.

Infraestrutura
O Brasil também fica longe do topo em razão da qualidade da infraestrutura e nível de uso da internet, ficando 42 posições abaixo da Suécia. Enquanto a média de velocidade de download no Brasil é de 20,6 Mbps, a primeira colocada obteve 79,8 Mbps. Na rede celular, os números mudam para 15 Mbps e 39,4 Mbps.

Apesar de ter menor nível de uso de internet em relação à sua população, o Brasil vence a Suécia em termos de igualdade de gênero online. Na internet fixa, ficamos em 6º lugar, o país europeu ficou em 25º. Na rede móvel, a diferença é menor. As colocações são 6ª e 14ª, respectivamente.

Informação vinda das redes sociais
Uma das posições mais altas alcançadas pelo Brasil no ranking da The Economist foi o nível de confiança em informações compartilhadas em redes sociais. Enquanto ficamos em 4º lugar nesse quesito, a Suécia tem uma população mais desconfiada e ficou em 62º lugar.

Considerações globais
O estudo conta também com considerações globais sobre a internet. A The Economist destaca o crescimento lento nas conexões e na cobertura de rede 4G ao longo do ano de 2018. Por outro lado, a predominância masculina online diminuiu com a maior participação das mulheres.

Ainda assim, em 84% dos países analisados, os homens têm mais acesso à rede. Quem lidera a redução dessa diferença são os países de renda baixa ou intermediária. Em países com alta renda, há 4,3% mais homens usando a internet do que mulheres. No ano passado, o número era de 3,5%.

Um fato marcante do estudo deste ano foi a desaceleração no avanço das conexões de internet em países de baixa renda, que cresceram 1%, em contraste com crescimento de 65% no ano anterior. A lentidão também afetou o crescimento de conexões domésticas, que avançaram 3% no período do estudo deste ano, uma queda em relação ao relatório de 2018, quando era de 8%.


Fonte: EXAME